Hoje estavas deslumbrante. O teu cabelo estava tão reluzente,
ainda mais do que o Sol que se fez sentir hoje. A cor do teu cabelo é mágica, é
única, é aquela que um dia me apaixonei. O preto significa poder, o poder que
tens em aumentares o amor que sinto, por ti, algo involuntário, algo surreal de
ser compreendido. Todas as cores ficam-te bem, mas o preto e o castanho serão
para mim aquelas que sobressaem mais toda a tua beleza.
Reconheci cada fio de cabelo teu, que agora está grande, deixaste-o crescer, e que te fica ainda melhor. Dá-te um ar magistral, diferente de todas as outras raparigas que possam querer imitar-te. O modo como andas enche os meus olhos de sentimentos, lembro-me daquele dia em que abri a porta para entrarmos no teu departamento e ficaste à minha frente, pude reparar que o modo como colocavas os teus pés no chão era diferente, porque terás sempre asas nas tuas costas, as asas do anjo da guarda que serás sempre para o meu coração.
O teu cabelo tapou a tua face, não consegui ver o teu sorriso como queria. Apenas quando colocaste as coisas no banco de trás consegui reparar na simplicidade de cada traço do teu rosto.
És perfeita. O teu corpo torna-te na única modelo que consegue expressar a sua beleza inexplicável por pequenos gestos. Não posso negar que as meias que usavas hoje ficavam-te a matar. As tuas pernas são as mais encantadoras que um dia qualquer rapaz já viu. Deixavas qualquer um perdido a olhar para ti. Como rapaz que sou, por isso mesmo, sei também reconhecer que como estavas convencias qualquer rapaz a querer namorar contigo, ou então a querer convencer ainda mais o teu namorado que te torna feliz todos os dias, que deve dizer-te milhões de vezes as coisas que eu te digo, mas que serão sempre mais especiais do que estas palavras para ti banais.
Só que eu não quero namorar-te,
quero acima de tudo amar-te. Se um dia me quiseres convencer, saberás o truque
que nunca ninguém descobriu nem descobrirá, encontrarás nos meus olhos a
resposta, a chave de quem eu sou. No entanto não te posso mentir que senti outro calor em mim que não é tão importante como o amor, mas não te minto, é verdade, sinto também uma atracção que nunca senti por ninguém, pelo que és por fora e transmites. Uma força vibrante, intensa, mágica, que eu conjunto com o amor que é de tranquilidade fazem de mim o que sou.
Esperei por ti de tarde, desculpa. Esperei por tanto tempo, hoje
estava calor, o Sol fazia doer a minha cabeça incidindo sobre a minha
face esquerda. Mal tinha almoçado. Almocei uma barra de cereais enquanto fui ter por volta das duas horas aquele sítio mágico. De manhã fui trabalhar. Mas de manhã bem cedinho passei
às horas do costume, pelo sítio do costume e vi novamente o teu carro. Por isso
mesmo quis correr apressadamente para junto dele assim que me despachasse do
trabalho.
Vou confessar-te que fiquei a chorar quando foste embora, quando passaste o portão da Universidade. Não quero pensar no sentimento de solidão, de tristeza que vai dentro de mim... Senti que ias desaparecer, que ias ficar mais longe de mim… E em certa parte ficaste mais longe outra vez... Nunca saberás que fiquei ali, como em todas as semanas, quando posso, para poder ver-te ao longe.
Ganhei forças para sorrir, para me alegrar, para amar-te
ainda mais. Senti que estavas perto, perto dali. Na semana passada cruzei-me
contigo pela manhã na fila de trânsito, ias atrasada, mas hoje quem chegou
atrasado de manhã fui eu… Chegaste primeiro do que eu. Queria que um dia
cruzássemos os nossos olhares numa manhã… Se um dia olhares para mim e sorrires
eu prometo-te que irei correr até ti.
Queria, mesmo que me ignorasses, dizer-te bom dia, sentir os velhos tempos porque preciso de ti, de quem és. Queria chegar à tua frente, olhar fixamente nos teus olhos e ficar assim durante horas, sem uma palavra. Um olhar vale mais do que mil palavras, não é verdade? Deixarias que te amasse com um olhar? Deixarias que te entregasse o resto de quem eu sou nos teus olhos?
Deixarias-me ser feliz?
22 FEV, 2017 0
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